Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

sábado, 22 de novembro de 2014

Ontem à noite eu tive um sonho
Que me espantou muito, muito:
Havia uma estrada longa, longa
Demais, e ao percurso estavam
Plantados todos os meus conhecidos,
Todos, sem exceção alguma,
Portando armas brancas
Prontas para ficarem
Vermelhas
Com meu
Sangue.

Clavas, machados, espadas!
Escarraram em mim com verdadeiro
Ódio! Me humilharam e feriram
Com todas as palavras possíveis

- E alguns até inventaram novas
Palavras, por motivos de estilo:
É muito rebuscada a arte da crítica,
É muito rebuscada a arte
Do desincentivo.
Isto tudo
Não deve passar de um sonho,
É óbvio que sim, por favor!
Pois que se não fosse um sonho,
Seria triste, triste demais
Esta vida e esta estrada...

Entretanto, vejam bem
Como dos momentos mais insalubres
Faz-se o vigor: a cada golpe
Que eu recebi nas costas,
Um pouco mais à frente
Me impulsionaram.

Fizeram isto, eu sei, por amor...
Todos só queriam o meu bem,
Sempre quiseram... Eu, cavalo
Arredio, jamais me moveria
Do meu lugar teimoso
Sem apanhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário