Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

I

Não me encaixo
Nesta sociedade
De forma alguma:
Não quero votar,
Não encaro mais a necessidade
De um casamento com dois filhos
E contas sem cifra possível,
Nunca desejei um carro
Que beba a gasolina do meu sangue
E me deixe acordado quando eu quero
Dormir. A inutilidade destes aspectos
É um absurdo!


Mas, Loise, amada...

Quando lembro de um passado
Feito de vidro e bruma,
Quando eu tomo nas mãos
Memórias que tem a delícia
Do que é efêmero e tosco...
O amor assim é tosco, o verso
Livre e o amor são muito difíceis
Pra mim.

Nunca tive, nesta vida impiedosa e certeira,
Novamente uma doçura
Como a que bebi
Em ti quando foste
Flor, açucena...


II

Eis como é ridícula
Esta história de romance:
Éramos tão jovens.
Tudo é belo e leve
Quando somos jovens...

Quem falou em perder
Tempo

Não entende absolutamente nada
Das propriedades benevolentes
Do tempo.


III

Muito mais
Ridícula
É a arte
Confessional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário