Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

domingo, 19 de outubro de 2014

Entre tantas verdades,
Qual verdade?
Entre tantas tristezas,
Qual tristeza?
Entre tantos amores,
Qual amor?
Entre tantos momentos,
Qual momento?
Entre tantos segundos,
Qual segundo?
Entre tantos prazeres,
Qual prazer?
Qual cidade,
Qual estação,
Qual livro, dentre tantos livros,
Estações e cidades? Entre tantos
Homens, qual deus, e entre tantos
Deuses, qual homem? Qual constelação,
Se brilham lentas todas as estrelas
Que vemos e que não vemos?
Qual cor, se o amarelo
É tão nobre quanto o azul,
Se o cinza é tão carnal quanto o vermelho
E o negro é tão puro quanto o branco?
Qual praça, qual banco
No mundo, senão todas as praças
E todos os bancos do mundo?
Alimentar a todos os pombos
Do planeta com apenas
Um punhado
De migalhas...

Dentre todas as fomes,
Qual fome?


Escolher,
Na vida,
É um crime.

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