Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Eu acabei
Pensando que a melhor forma
De viver fosse viver
Da forma que se quer,
Fazendo apenas o que se quer,
Adiando pra depois qualquer tudo,
Deixando passar os dias a esmo,
Não me preocupando, aliás...

Então, em um encontro casual,
Enquanto eu supunha metafisicamente
Não ter mais nada para aprender nesta
Vida, uma amiga minha me contou:
Amanhã é um sonho mistificado,
Amanhã é uma névoa cobrindo o mar,
Amanhã é um ovo que ainda não foi posto,
Por isso não pode chocar.

Vivemos apenas
Neste local absurdo e barulhento
Chamado presente perfeito, não mais
Nem menos do que perfeito, perfeito...
Quando perceberes a perfeição,
Rirás.

Amiga, amada: ainda penso, porém,
Que a melhor forma de viver é adiando
O mundo do meu peito, penso que a melhor
Forma de viver é como um animal cheio
De emoções e vazio de pensamentos, penso,
Contudo, sem sonhar – de certa forma,
Mataste o sonho em mim tão beneficamente
Que acordei assustado para um sonho ainda maior
Que os homens astutos chamam de agora.
De quantos agoras será feita, amiga, amada,
Esta nossa possibilidade absurda
De existir?

Não são poucas as cenas gigantescamente melodramáticas
Que me vem à memória. Ter a força necessária para abandonar
Gloriosamente esta vida é uma bênção guardada para poucos:
Não estou entre eles – amo meu destino, ainda...

Eu acabei pensando, concluí: a melhor forma de viver
É viver da forma que se quer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário