Motivação:

Quando decidimos estabelecer que este projeto fosse acessível ao grande público da internet, sabíamos da quantidade de pessoas que poderíamos atingir. Dizemos poderíamos porque somos cautelosos e humildes, uma vez que certamente reconhecemos a gigantesca oferta: sites de literatura de inquestionável qualidade pululam no vale fértil das redes sociais, e outros, não tão preocupados com o selo qualitativo, seguem logo atrás na semeadura das letras nesta terra de ninguém - não em menor número, paradoxalmente. A literatura, por incrível que pareça, se alastra não como uma bela cultura vegetal, como uma bisonha erva daninha, porém, procurando absorver fama mineral que alimente o ego seco da raiz. Eis no que diverge o nosso trabalho e o desta horda de escritores que têm aterrorizado os dias com seus autógrafos, espadas e lanças: não necessitamos de visibilidade. Não faz a mínima diferença o número de pessoas que visualizará este blog, faz diferença apenas o fato dele existir. A intenção é ofertar um registro fiel dos dias de um homem cuja existência foi dedicada à busca da beleza, da suavidade, da paz, do amor em todas as suas incontáveis formas, ainda que tenha sido o conflito a via pela qual viajou durante a maior parte do tempo. Venkon Sinjoro Serena reconhece em si mesmo uma expressão ímpar na literatura, ainda que este fato não mereça nem celebração nem repúdio: abre um caminho entre as matas, uma faca de prata nas mãos evoca luz, eis uma estrada! Ali segue o poeta, sozinho...

v. s. s.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Agora,
Não depois,
Agora mesmo
Muito amor, todo
O amor plausível
E implausível! A glória,
A luz, a impossibilidade
De expressar! Amor
Sem medo algum, que transpassa
A pele como um dardo de dentro
Para fora, disparada do coração
Contra outro coração...

E, quando atingindo,
Como sangra! Com enorme
Felicidade: sangra! Com leveza
Divina: sangra! Com o peso do mundo
Inteiro sobre os ombros: sangra...
Sangra por não poder senão sangrar
- Digo que o amor é um rio, as águas
São furiosas mesmo quando calmas,
As margens estrangulam... Não resta
Nada: correr para o final de si mesmo
É muito natural.

Agora mesmo, porém! Agora mesmo é que
Eu quero me acabar, me consumir por nada,
Me destruir de amor, me reconstruir depois,
Inteiramente outro, predestinado a saber
Que este não é o sentimento dos romances apenas,
Contudo é o valor que se dá à alma universal
E é o valor que se recebe de volta.

Me jogo na chama alucinantemente quente,
Deixo que as labaredas me consumam, sou
Um carneiro para o sacrifício muito feliz de ser
Um carneiro para o sacrifício. Deixo que as labaredas
Me consumam, logo estarei disperso, logo poderei
Renascer, logo me restará nada, e tudo o que eu for
Não será.

A alma que me tornarei
Será uma dispersão de cores invisíveis acima
Das cabeças humanas.
Será na integridade, agora mesmo, amor absoluto.

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